quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crônica de Mais um Amor Frustrado

"A beleza de um corpo nu só a sentem as raças vestidas. O pudor vale sobretudo para a sensibilidade como o obstáculo para a energia." Fernando Pessoa.
[...]
E então, num ato quase que de desespero, em meio a um turbilhão de dúvidas e incertezas, tomada pela sua mais assustadora insegurança ela disse, por mensagem, ao causador de tanta angústia:
Estou desistindo de você!
As palavras que soavam como um fim desastroso e frustrante, eram na verdade um pedido de socorro.
Estou desistindo de você... Assim mesmo no gerúndio como algo constante e previsível desde o começo.
As pessoas desistem das outras e amar é persistir!
Mas ao desistir,  lenta e gradativamente de alguém,  não se deixa de gostar como em um passe de mágica. Como parte desse espetáculo de horrores o amor, que antes era expectativa e entusiasmo, vai se transformando  em mesmice e melancolia.
Ela buscava paz, não esse marasmo sentimental que movimentava uma via de mão única onde ela só se doava sem ter retribuída a sua dedicação e cuidados.
Vivia um conto de fadas louco onde o príncipe encantado se tornara um sapo gordo e exigente que na cabeça dela, agora tão claramente, só a procurava quando precisava de platéia.
Mas, ainda assim... Ela o queria!
Sua personalidade movida por desafios e a complexidade do objeto de seu desejo a instigavam a insistir.
Ela havia marcado aquela alma, como sua, desde a primeira vez que seus olhos se cruzaram.
O olhou como quem olha um vestido lindo na vitrine e o imagina vestida nele.
Assim, ela imaginou aquele homem. 
Vestida nele!
Era um homem de marca, de grife famosa desejado por várias mulheres mas, poucas o ostentavam em público. Ela queria tornar aquela marca exclusiva. Só sua...
Agora, no entanto, desistia dele como quem desiste de um jeans velho e surrado (que todas amamos) antes que o mesmo se rasgasse em público causando-lhe constrangimento, lhe despindo de suas ilusões mais sinceras.
Ela só queria ser amada e vestida por esse homem que por hora estava voltando para vitrine de onde ela nunca devia tê-lo tirado.
Não me vestiu bem... As costuras parecem frágeis... O preço é alto demais...
Estou desistindo de você

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quem sabe um dia, tudo conectado.

Ela não sabia mexer em smartphones, tinha pavor de celulares touch screen, medo do tal 'Android', medo dessa tecnologia-tecnoassustadora, medo do novo. Até que no dia do seu aniversário, foi pega de surpresa ao ser presenteada com um aparelho dual chip da última moda (até cor de rosa, era!), ou seria da tecnologia? Sei lá! Alguém me socorre?

À primeira vista ela não achou lá-essas-coisas: podia mandar mensagem de texto, fazer ligações, usar a câmera para tirar algumas fotos; tudo normal. Ah, não, espera, exceto por alguns aplicativos extras, a qual ela apelidou de 'app-de-ap' (aplicativo de aproximação). 

Hoje, quase três meses depois da compra, descobriu que tem no celular uma rádio (app-de-ap) que, uma vez conectada com a internet é capaz de sintonizar todas as rádios do mundo, e apesar do extremo medo pelo desconhecido é extremamente curiosa - testou de imediato algumas: por gênero, mais escutadas, por artistas... 

Lembrou que uma vez, um 'Certo Alguém', havia comentado sobre uma rádio - na verdade, este 'alguém' sempre comentava sobre algumas músicas, principalmente das de quando haviam escutado juntos...

Após uma concentrada busca pela memória, ela digitou o nome da tal rádio neste aplicativo. Achou uma que, de cara, estava tocando A-HA - Crying in the rain; A-HA é só mais uma das bandas que faz ela lembrar dele...

Tendo ainda o smartphone em mãos, ela minimizou a rádio da tela, aumentou o volume, abriu o Facebook e foi em "Mensagem". Selecionou o 'Certo Alguém' e enviou o seguinte escrito: "Será que consegui sintonizar a sua rádio? A seleção tá muito legal, tá tocando A-ha (crying in the rain), e agora... Uow! Espelhos d'agua!". Apertou 'Enter', enviou a mensagem e sentiu no mesmo instante um vibrar de mensagem no WhatsApp, outro app-de-ap. Pensou que a mensagem no Facebook não tivera sido enviada e, agoniada, ela logo tratou de reabrir o Facebook e, sim, havia sido enviada. Ufa!

Aliviada fechou o app-de-ap do Facebook, aumentou um pouco mais o volume para escutar Patrícia Marx, e lembrou da mensagem no WhatsApp.

Quando ela abriu o aplicativo e viu quem havia mandado uma mensagem... SURPRESA! Era dele, a mensagem era dele! Ninguém mais, ninguém menos que do 'Certo Alguém', dizendo: "Hmmm, seus olhos são como espelhos d'água... Agora, na rádio :)"

Ela suspirou e pensou por que talvez estivessem mais uma vez longe um do outro; por que a distância era cruel e por que mesmo estando cada vez mais próximos, compartilhando o que há de comum, sua amizade, admiração e saudade só aumentavam?

As respostas ela poderia ainda não saber, contudo, estava deveras contente após ter lido uma mensagem dele: "Pronto... conectados por um facebook, um whatsapp, e agora uma rádio! :D"


(suspiros).

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

AMOR E DIÁLOGO





O casal acordou naquela manhã, sentindo uma emoção diferente. Estavam completando cinquenta anos de matrimônio.
Haviam envelhecido juntos. Inúmeras lembranças se somavam em suas mentes.

Os primeiros momentos do namoro, os primeiros anos de vida a dois, os filhos, as dificuldades, os acertos e desacertos, os netos.


Os pensamentos surgiam-lhes na mente como uma avalanche e, dessa forma, tudo parecia ter começado ontem.

Os dois se sentaram à mesa para o café. Ela tomou a fatia de pão e passou a manteiga. Ia colocar no seu prato, quando resolveu diferente.

Durante cinquenta anos, todas as manhãs, dei a ele o miolo do pão, a parte macia, mais gostosa. - Ela pensou.

Eu sempre quis comer a melhor parte. Mas porque amo meu marido, sempre dei a ele o miolo do pão. Hoje vou satisfazer o meu desejo. Vou me dar um presente.

Então, estendeu para o marido a casca do pão. Para sua surpresa, ele a apanhou, sorriu e falou com entusiasmo:

Obrigado por este presente. Durante todos esses anos, sempre quis comer a casca do pão. No entanto, como você gostava tanto, eu nunca tive coragem de pedir a você.

Num primeiro momento, o que sobressai do episódio narrado é o grande amor que unia aquele casal. Um amor que sempre soube abrir mão de algo que gostava muito, em favor do outro.
Contudo, se examinarmos bem o fato, vamos descobrir que, embora o amor recíproco que sentiam, o diálogo andava bem distante.

Imagine. Viver cinquenta anos ao lado de uma criatura, sofrer, penar, alegrar-se, fazer tantas escolhas e, no entanto, não conversar das coisas simples do cotidiano?

Dialogar significa conversar, trocar ideias. Falar e ouvir. Ouvir e falar.

Se você está vivendo a experiência matrimonial, pense quando foi a última vez que vocês estabeleceram um diálogo franco e amigo.

Analise se, ao chegarem em casa, cada um tem se isolado em seu mutismo. Se, eventualmente, não tem cada um assistido o seu programa de televisão preferido, a sós.
Ou então se, enquanto um se distrai com a programação da televisão, o outro mergulha na leitura interminável dos jornais.

A ausência de diálogo caracteriza desinteresse pelos problemas do outro e gera a falta de intercâmbio de opiniões.
Antes que as dificuldades abram distâncias e os espinhos do cansaço e do tédio produzam feridas, tomemos providências.

Abramos mutuamente o coração e reorganizemos a vida matrimonial.
Descubramos, mais uma vez, o gosto pelo diálogo. Interessemo-nos pelos problemas e participemos das conquistas individuais.

Restabeleçamos a ponte do diálogo, a fim de que um possa penetrar em profundidade no coração do outro, numa doce descoberta de dons, virtudes, anseios e ideais.

O matrimônio é uma experiência de reequilíbrio das almas no orçamento familiar.

O diálogo aberto e sincero fortifica os laços do afeto, permitindo o amadurecimento das emoções e a correção das sensações.

Enfim, oportuniza que ambos somem esforços, não simplesmente olhando um para o outro, mas olhando ambos para a mesma direção.



Redação do Momento Espírita, com base no texto Amor em silêncio, de autoria ignorada, e no cap. Responsabilidade no matrimônio, do livro S. O. S. Família, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.
USE. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3659&stat=0.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em fuga!

 



Nada me aterroriza mais que o sentimento de dependência! 'Eu tenho um medo danado de te perder ' Ora! Eu tenho medo de me perder! 







Sou uma claustrofóbica sentimental – morro de medo de estar/ficar confinada. Entenda que o caso não estar com 1 único ser! A aflição é pela etapa da relação que te acorrenta, te amarra e te despe! Sim por que o papo de : ‘sermos um só’, é metafórico! 

O problema é que você adquire um ‘status’ e junto com ele vem um penduricalho, sabe, um chaveiro que sempre está junto. Então você não pode mais ir ao cinema com uma amiga, ir ao salão de beleza sozinha, academia – só se for no mesmo horário, supermercado – eu levo você! Pensar em ir a um barzinho com amigas então – passivo de pena de morte! O lance das redes sociais merece um post diferente, porque rende...

É dessa parte que eu fujo! É essa minha fobia!

Pergunte porque ele se apaixonou: – você é linda, INDEPENDENTE, inteligente. Ou seja, você é o conjunto de tudo o que fazia antes de se relacionar! Foi e, em tese, deve continuar sendo.

Agora só porque começou um relacionamento você precisa mudar a rotina? Isso nos remete a que século mesmo? Ok, algumas coisas se alteram, é a ordem natural das coisas e seres, mas você continua sendo uma pessoa que necessita dos mesmos cuidados, que trabalha, que estuda, que tem amigos...

Na ânsia de preencher, de completar, de estar ali, se fazer presente, você acaba sufocando o outro. Amofina os sentimentos e torna tudo cansativo. E fazemos isso sem perceber, no início queremos tudo e todo ao mesmo tempo, nos doamos demais, e assim perdemos as rédeas.

Até o dia em que decididamente você ser torna um chato, um estranho, um ser de outro mundo...

E pense que me apaixono, me apaixono sim, amo, amo sim! De preferência caras independentes que aceitam nossas meninices, nossos programas de amigas, nossas noite de introspeção, e estão por perto sem estar do colados. Que te levam flores, agradam e mimam, mesmo ali do outro lado da rua, noutra cidade, noutro extremo, noutro canto mas ‘na sua’. São os mesmos que se cuidam, curtem o futebol do fim de semana, que e se amam, que se aprontam não apenas pra você, se aprontam pra vida! 


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Adão, Eva e a Boate Paraíso

Então Deus entediado, provavelmente se recuperando de uma cirurgia na cabeça, sem internet, porque o técnico do provedor esqueceu de ir arrumar o fio e sem TV a cabo porque ele não assinava mesmo,  depois de criar o mundo, criou o homem. 

O tempo passou e ele percebeu que o homem estava sozinho, sem conseguir fritar um ovo ou aquecer a água para o miojo. 

E aí, pra tornar a vida mais bela, da costela do homem,  enquanto ele dormia, Deus criou a mulher.

Adão, foi o último a saber, desde o princípio... 

Eva estava em casa, quando toca o celular. Era sua amiga, piriguete, a Serpente! Ela ( serpente) tinha entradas vips para uma festa e não queria ir sózinha. 
A balada era em uma famosa boate chamada Paraíso.

Deus criou homem e mulher mas, não determinou o status deles nas redes sociais.
Eva estava em um relacionamento sério mas, Adão não tinha aceitado a marcação e continuava solteiro.

Então Eva, cansada de ser apenas costela se arrumou, toda trabalhada no brilho, e foi pra festa com a Serpente.
Chegando lá... Imagina com quem ela deu de cara? Na porta da boate... Adão!

Cara de surpresa, três beijinhos no rosto, você por aqui? 
Fila andando, seguranças apalpando o povo, escuridão na pista e como num passe de mágica, PUFT, Adão sumiu e Eva entrou no Paraíso. 

No celular, ela só pensava em trocar o status, a Serpente descendo até o chão, boate bombando, Adão dançando com as amigas... 
Depois de uma volta pela pista, chegam ao bar... Uma dose de Pecado Original, sabor maça, por favor! 

“Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro” 

Acordou, sozinha, com uma baita ressaca, grávida da humanidade, soube pelas redes sociais que tinha sido expulsa, do Paraíso... Com Adão!

Adão??? 

“Tudo azul Adão e eva E o paraíso Tudo azul Sem pecado E sem juízo” 

 É mas, Deus ainda não tinha criado o DNA e até hoje ninguém sabe porque Caim era tão diferente de Abel, ao ponto de tê-lo matado. 

E essa é a verdadeira história do princípio da humanidade. 

Como eu sei de tudo isso?? 

 Uma Serpente compartilhou!!

 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Léo conversa ao léu com Léa, e ela:

- Odeio perder coisas! Por outro lado quero um amor de perdição.


 - Nesses contrastes seus, encontrastes ele?
 - Não! - eu mesma respondo e continuo - quero mesmo é saber, por sinal, o dia em que qual, destes trastes, no varal, vou pendurar um sufixal!
- Su.. o quê? - ele nunca entende nada!
- Fix... you, a música do Coldplay... "consertar você", preciso que alguém me conserte.
- Que ame, ature, amole, adore, acalente. Beije e balbucie palavras doces - ele complementa.
- A me suportar e a ter um porte, ou que como um suporte técnico se comporte, para que os defeitos do meu eletrônico cérebro transforme-se em efeitos especiais, e nas nuvens, alguma vez, me perca...
 - De amor! É de amor que você precisa e não dessas loucuras que vive a falar!
 - E disse Shakespeare: "Amantes e loucos têm cérebros tão fervilhantes, tão cheios de fantasias, que superam tudo o que a fria razão pode entender." SEU FRIO!
 - Insensatez, declarações impensáveis, embriaguez sentimental, visão colorida da realidade, ilusão. Logo, sou a favor de outro William, o Congreve "Se não é amor, é loucura, logo é perdoável" , ou seja, releva-se, te perdoo - risos.
 - Mas um dia amarei, se é que já amo e não sei. E eu amo, amo muito. Por tal é que loucamente vivo nesse mundo, só preciso saber enxergar direito. 
- "A vida mundana é um reflexo insignificante do que se passa no amor", deve ser isso...


- De quem é essa frase? 
 - Proust. 
 - O piloto?
 - Que piloto?
 - Alan... o rival do Ayrton... O SENNA! (pausa questionável) Não?
 - Não! Marcel Proust, escritor, não Alain - é Alain Prost! Aliás, não sabia que você assistia a corridas de Fórmula 1...
 - Não assisto, mas é algo tão automático, quase que nem ao Pelé, até quem não assiste e não gosta de futebol sabe quem é o Pelé!
  
- Está bem, você ainda quer um amor?
 - Ah é, tinha esquecido... quero! Estou à espera de um milagre - se é que milagres existem! E você, não está ou já tem algum?
 - Não, também estou à espera de um milagre, à espera que esse seu raciocínio não devaneie tanto, e que essa sua boca não o acompanhe, para que enfim possa beijá-la...

(entreolhares, aquele silêncio pairando... até que ela interrompe, fala:)

- "A loucura é relativa. Quem pode definir o que é verdadeiramente são ou insano?" acho que Woody Allen tem razão porq... 
... e ele calou seus pensamentos e suas alucinantes palavras com um beijo, antes que falasse qualquer outra coisa e deixasse passar esse tão sonhado momento.
O amor tem dessas coisas...

De mim para Doodoo


Do fim se inicia a vida.
Vamos navegar nesse mar de ilusão.
'nada nos impede, 
tudo já ajuda' -
há distância que vem e vão.

'Flutuando' como tu dissestes agora a pouco,
vamos tirar os pés do chão. 
Rema e aponta para a fé 
que de surpresa está chegando
e ainda não contatou meu coração.

Voz de timbre grave e forte, 
deve ter pegada, pensei.
até o respirar é profundo, 
me aconcheguei,
relaxei,
fui da terra ao céu em um segundo.

Se na quinta comemorava a chegada da sexta,
vamos, hoje, comemorar a chegada do sábado;
e, no sábado, a chegada do domingo,
adiante assim,
chegando e partindo.

Rapidez sincera é agradar 
- se quiser até te carrego,
te livro deste mal que atormenta;
livro nenhum explica o que não te nego,
livro nenhum explica o que não se inventa.

Nem ombro largo aguenta tanto peso
: esvaziei a mochila que nas costas arqueavam.
Guardemos alguns objetos, joguemos fora, 
deixemos de lado -
: nos aguardávamos e por conta te guardo agora.

Deixa o tempo passar e ver o que acontece. 
Vai ver é educação, simpatia, carência;
vai ver é solidão, falta do sentir,
apenas abstinência.

Que dure o pôr do sol ou todas as estações.
Mensagens por telepatia;
por fone de ouvido:
ligações
- conversas todos os dias.